A atividade física pode ter efeitos imediatos, positivos e poderosos no nosso cérebro. Pode melhorar o nosso humor e concentração, dar-nos mais energia e melhorar a memória, bem como proteger o cérebro de diferentes doenças como a Depressão ou a Demência. Esses efeitos podem prolongar-se no tempo. Basta movimentar o corpo para se conseguirem efeitos imediatos, protetores, que podem durar o resto da vida.
E por que motivo isto acontece? Pelo facto de o exercício físico ter impacto em duas áreas principais do cérebro: a primeira é o córtex pré-frontal, essencial para a tomada de decisões, para a atenção e para a personalidade; a segunda é o hipocampo, estrutura crucial para formar e reter memórias de factos e acontecimentos a longo prazo.
O exercício físico é a ação mais transformadora que se pode fazer pelo cérebro, a estrutura mais complexa conhecida pela humanidade, pelas seguintes razões:
Tem efeitos imediatos no nosso cérebro. Um único treino aumenta de imediato o nível de neurotransmissores como a dopamina, a serotonina e a noradrenalina, que vão melhorar o estado de humor logo após um único treino. Pode também melhorar a nossa capacidade de mudar e focar a atenção e essa melhoria vai demorar pelo menos duas horas, bem como o nosso tempo de reação (o que significa que vamos apanhar com mais rapidez aquela chávena de café que ia cair ao chão). Mas estes efeitos imediatos são breves.
Para efeitos a longo-prazo, é necessário fazer exercício físico regular com aumento da função cardiorrespiratória. Assim, conseguem-se efeitos duradouros dado que o exercício consegue mudar a anatomia, a fisiologia e a função do cérebro. O exercício produz novas células cerebrais no hipocampo, que aumentam o seu volume e melhoram a memória a longo prazo. Melhora também a função da atenção, que depende do córtex pré-frontal, aumentando o foco e a concentração. Para além disto, o exercício físico tem também efeitos imediatos no humor, que duram muito tempo, havendo melhorias duradouras de neurotransmissores de bom humor.
O fator mais transformador do exercício são os efeitos protetores no cérebro. Pensando no cérebro como um músculo, quanto mais o exercitarmos, maiores e mais fortes serão o hipocampo e o córtex pré-frontal, duas áreas mais suscetíveis a doenças neurodegenerativas e ao declínio cognitivo associado à idade. Com maior prática de exercício físico durante a vida, vamos criar um hipocampo e um córtex pré-frontal mais fortes para que a Demência, como a Doença de Alzheimer, tenha um efeito mais tardio. De notar que o exercício físico não cura a Demência, mas pode atrasá-la!
A regra de ouro é fazer exercício três a quatro vezes por semana com sessões de pelo menos 30 minutos e tentar incluir exercício aeróbico, ou seja, exercício que aumente o ritmo cardíaco. Basta adicionar à nossa caminhada mais uma volta ao quarteirão, utilizar as escadas ou aspirar a casa, que pode fazer tão bem como uma aula de aeróbica no ginásio.
Inserir exercício na nossa vida não só nos dará uma vida mais feliz e preventiva, como também vai proteger o nosso cérebro de doenças incuráveis. E isso muda, de facto, a nossa vida de uma forma muito positiva!
Texto elaborado por: Dr. Leonardo Silvério, Psicólogo Clínico e da Saúde.
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