
À medida que vamos evoluindo no processo de crescimento, vamos adquirindo aptidões que envolvem a capacidade de perceber, avaliar e expressar as emoções, contribuindo para o desenvolvimento do conhecimento emocional que, por sua vez, permite desenvolver a capacidade de nos regularmos emocionalmente.
A regulação emocional é uma habilidade importante na vida das crianças, que se desenvolve, sobretudo, por meio das interações sociais com os seus pais ou cuidadores primários, professores e educadores.
A idade escolar marca um nível de desenvolvimento nas crianças, que possibilita a exploração das próprias emoções e o acesso ao conhecimento das emoções dos outros, no entanto, as crianças ainda precisam do apoio de diversos agentes no processo de socialização e regulação das emoções.
O papel da Família
Os pais assumem um papel importante neste período de descoberta emocional, de apoio e acompanhamento ativo na exploração, aprendizagem e autorregulação emocional da criança.
Vários são os estudos que apontam que a aprendizagem emocional das crianças está intimamente relacionada à forma como os pais reagem às experiências emocionais dos filhos e como lidam e expõem as suas próprias emoções, exercendo, desta forma, influência no desenvolvimento emocional dos filhos, na capacidade da criança se expressar, compreender e regular as suas emoções. Neste sentido, a socialização parental das emoções não deve ser entendida como uma simples transposição de competências que os pais passam para os seus filhos. Importa que, quando as emoções surjam, a criança aprenda e seja capaz de selecionar as estratégias adequadas, isto é, que lhe permitam responder eficazmente às mais diversas situações.
Desta forma, o crescimento emocional das crianças envolve a relação que os pais desenvolvem com os filhos, de três formas:
- A reação dos pais às expressões emocionais dos filhos, sejam elas caraterizadas pelo conforto ou pela depreciação, permitindo a distinção das diversas emoções;
- A discussão das emoções em ambientes ricos de partilha entre pais e filhos;
- A expressão livre pela parte dos cuidadores das suas próprias emoções.
O tipo de resposta mais adequado passa pelo apoio dos pais na manutenção de uma emoção positiva e na tolerância no surgimento de emoções negativas, ajudando os filhos a identificar, validar e lidar de forma construtiva com as diferentes emoções, no sentido de promover um desenvolvimento emocional adequado e harmonioso.
O papel da Escola
O contexto escolar deve ser, não só um espaço de crescimento intelectual e cognitivo, mas também de crescimento emocional. Neste ambiente, as crianças irão deparar-se com diversas situações promotoras de um vasto conjunto de emoções e facilitadoras de relações interpessoais com os pares, possibilitando uma discussão livre das emoções de cada um, e diferentes capacidades de lidar com as mesmas. Todo o acompanhamento possível por parte dos agentes educativos revela-se essencial nesse período de descoberta emocional, uma vez que as crianças passam a maior parte do seu tempo na escola.
Assim, importa concluir que, tanto o contexto escolar, quando assegurado em ambientes positivos, como o contexto familiar onde a família representa um suporte basilar de orientação para um crescimento saudável, desempenham um papel fundamental ao nível da aprendizagem emocional das crianças, resultando o desenvolvimento da autoconsciência e da gestão/regulação das próprias emoções.
Texto elaborado por Dra. Joana Pereira, Psicóloga e Formadora na ForYourMind.
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